quinta-feira, 30 de julho de 2009

O Colecionador

Frequentemente, o padre levava toda a classe pelos bosques de Shrewsbury, em longas caminhadas durante as quais explicava, de maneira gostosa e agradável, o porquê de um carvalho se diferenciar de um azinheiro. Aprendeu a diferenciar as folhas das árvores, a distinguir suas bordas, a classificá-las. E nessas andanças, aprendeu também a levar para casa muitos achados estranhos e diferentes, especialmente minerais e cristais. Essa primeira coleção tomou-lhe completamente o entusiasmo. Aos poucos, deu-se a colecionar tudo o que encontrava ou conseguia: selos, conchas, moedas e até folhas. Encontrava nisso um prazer inesperado e completo. Ter em ordem, ainda que não classificados, todos aqueles espécimes, deixava-o eufórico. Achava a coleção de minerais e cristais a mais bonita e as folhas tornoram-se um problema pois não sabia como conservá-las, então aos poucos largou a coleção de folhas. Estava sempre à catar pedras de minérios e cristais diferentes. Às vezes até pagava para conseguir algum espécime de cristal que ainda não possuía. Os outros meninos da redondeza e seus colegas de escola perceberam essa sua mania e começaram a se aproveitar disso para lhe vender simples pedaços de minérios que ele achava uma maravilha e algo fora do comum. Depois, de certa forma, começaram a gozá-lo. Não entendiam o prazer de colecionar pedras, toda aquela ânsia que parecia possuí-lo.
Na escola do padre Gates, Charles passou apenas um ano. Saiu do colégio com razoáveis conhecimentos de história natural e poucas noções de gramática e aritmética, o que, bem na verdade, o deixou pouquíssimo preocupado.
Charles Darwin - 1816

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